segunda-feira, 15 de junho de 2009

Os Paradigmas Científicos

Podemos definir Ciência como o conhecimento exacto e sistemático da realidade, baseado na verificação dos seus princípios e das suas causas. São muitas as áreas do conhecimento científico. Uma divisão tradicional distingue dois grandes grupos de ciências: as ciências naturais, que estudam as coisas materiais de que são exemplo, de entre outras, a física, a química, a astronomia, a geologia, a botânica, a zoologia, etc. e as ciências humanas ou do ‘espírito’ como a filosofia, o direito, a economia, a sociologia, etc.
Desde o aparecimento do homem à face da terra que podemos relacionar a evolução humana com o correspondente desenvolvimento da sua própria inteligência. Se numa sociedade primitiva, os seres humanos não conseguiam entender os fenômenos da natureza, daí as suas reacções de medo nomeadamente às tempestades e ao desconhecido, num segundo momento, a inteligência humana evoluiu para a tentativa de explicação dos fenômenos através das crenças e das superstições. Tratava-se, sem dúvida, de uma evolução, já que tentavam explicar o que viam.
Porém e porque tal não bastava para a compreenção de todos os fenômenos, houve uma natural evolução para a busca de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados, ou seja, sobre a capacidade de reflectir sobre os resultados obtidos e perceber o seu significado. Surge, assim, o conceito ou paradigma de ‘Ciência Antiga’. Trata-se de um saber técnico mais evoluído, nomeadamente nas áreas da matemática, da geometria, da medicina e da filosofia. Algumas sociedades, nomeadamente a egípcia e a Grega, são disso bons exemplos.
Foram os gregos, porém, os primeiros a procurar perceber o saber, mesmo que este não tivesse, necessariamente, uma relação com uma utilização prática. Com o aparecimento da Filosofia (que significa amigo do saber …), pretendia-se, no fundo, perceber ‘o porquê e o para quê …’ de tudo o que se pudesse pensar através da observação e da razão. Era no entanto um saber teórico, contemplativo, filosófico mas não comprovado, logo especulativo, o que se viria a confirmar, em alguns casos, alguns séculos mais tarde.
O efeito deste novo ‘jogo racional’ vê-se no colonizar de novas áreas cognitivas, como a ética (discurso filosófico sobre o religioso e moral), o estético (discurso filosófico sobre o artístico e as belas-artes) e o físico (discurso filosófico sobre as técnicas e tecnologias adequadas à interacção com o mundo físico) (J. Caraça, 1997).
Porque a generalidade da população não participava do saber, já que os documentos para consulta residiam essencialmente nos mosteiros das ordens religiosas, o conhecimento do Homem, até então, foi sempre fortemente influenciado pelas crenças e dogmas, nomeadamente da Igreja Católica que serviram de referência a praticamente todas as ideias discutidas na época.
A ‘ciência moderna’, que se traduz no fundo por um novo paradigma de conhecimento crítico baseado na experiência e na matematização, surge assim no século XVII e afirma-se na Europa com o Renascimento, estendendo-se ao longo de alguns séculos. Trata-se de uma nova forma de organização do pensamento, no sentido de se conhecer e controlar melhor a natureza.
As descobertas de novas gentes (descobrimentos), a redescoberta de grandes obras do pensamento clássico, bem como a rede de comunicação alargada que se estabeleceu baseada na imprensa escrita, são decisivos. Galileo Galilei (sistema solar), René Descartes (matematização), Francis Bacon (experimentação), Newton, Arquimedes são alguns dos grandes nomes que se destacaram nesta época.
É no século XIX, porém, que a ciência passa a ter uma importância fundamental. Serve como referência do conhecimento científico em todas as áreas. Tudo tem que ter uma explicação através da ciência. Charles Darwin e a Teoria da Evolução, Karl Marx, na Economia, Augusto Comte, na sociologia, marcam páginas importantes do pensamento e conhecimento.
Conhecimento e técnica evoluem de forma extraordinária no século XX, fazendo-se sentir em todas as áreas e dimensões da sociedade. É o novo paradigma da ‘tecnociência’. A sua disseminação provoca transformações profundas na qualidade de vida de toda a população mundial. Os avanços do conhecimento nomeadamente na nanotecnologia, na pesquisa sobre o DNA e sobre os transgênicos, na química supramolecular, na história e a evolução do universo, nas tecnologias alternativas para a energia representam alguns dos grandes avanços registados.
Mais do que nunca e considerando o avanço tecnológico verificado, existe a natural tendência para nos tornámos seres manipuladores e controladores. Enquanto a ciência teórica se podia considerar pura e inocente, a tecnociência, porque é essencialmente actividade modificadora e produtora no mundo, nunca pode estar inocente por completo (HOTTOIS, 1990). Neste contexto, é importante que o progresso técnico seja controlado e acompanhe a consciência da humanidade sobre os efeitos que pode ter no mundo e na sociedade (Bioética).

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